Situação de ônibus leva motoristas a cruzarem os braços em Restinga (SP)

A situação precária dos ônibus que fazem o transporte de estudantes moradores da zona rural de Restinga (SP) levou os motoristas a cruzarem os braços. Os trabalhadores alegam falta de segurança para levar crianças e adolescentes diariamente às instituições de ensino do município, já que não há manutenção nos veículos e muitos deles não têm mais condições de trafegar.

Por causa do problema, pelo menos 600 estudantes estão sem frequentar as aulas, porque os pais têm no transporte público a única forma de fazer com que os filhos cheguem às escolas.

Procurado, o prefeito de Restinga informou que quatro novos ônibus integrarão a frota do município até fevereiro.

Sem condições

As aulas na rede municipal foram retomadas na segunda-feira (27) em Restinga. Entretanto, motoristas se recusaram a trabalhar, por questões de segurança. Os trabalhadores alegam que não foi feita a manutenção nos 12 veículos, programada para acontecer durante as férias escolares.

O motorista Pedro Diogo da Silva Filho disse que chegou ao pátio logo pela manhã e que elaborou um relatório ao terminar de fazer a vistoria no ônibus em que trabalha todos os dias. Silva Filho diz que o documento foi apresentado ao encarregado pelo setor, mas que ele se recusou a assiná-lo. Ele afirma que procurou a Prefeitura, mas diante da falta de providências registrou um boletim de ocorrência. “Fui vistoriar o veículo que eu trabalho e não tinha condições. Circular nele é colocar a vida do pessoal em risco. A única resposta que o encarregado dá é que a gente não quer trabalhar. Eu quero trabalhar. Carrego 30 crianças no ônibus e tenho medo que aconteça um acidente. A caixa de direção está estragada”, diz o trabalhador que ainda listou problemas nos pneus, nas luzes de ré, nos cintos de segurança e no óleo do ônibus.

 

Em um dos ônibus onde 40 crianças são transportadas todos os dias, o extintor fica preso com um arame, falta o tacógrafo e os cintos de segurança estão amarrados nos bancos. Segundo o motorista Murilo Carlos Pastorelli, não foi feita a manutenção programada. “Os ônibus não tinham pneus, não tinha parte elétrica. A cada seis meses é feita uma manutenção geral. Esse ano não fizeram. Não estamos em greve, o salário está certo, mas não tem condições de trabalhar. É risco de vida para a gente [motoristas] e para as crianças”, diz.

No fim de 2013, um dos ônibus perdeu as duas rodas traseiras e por pouco o acidente não acabou em tragédia. Segundo José Alberto Pongeti Filho, motorista do veículo, nove crianças eram transportadas. “Foi um susto muito grande. A gente carrega crianças, todas pequenas. Graças a Deus ninguém se machucou. Poderia ter sido evitado. Agora, os ônibus ficaram parados 60 dias e a manutenção não foi feita.”

Para a dona de casa Márcia Maria Pereira dos Andes, que depende do transporte municipal para que os quatro filhos cheguem à escola, o jeito será improvisar. “Vou deixar as meninas na casa da minha mãe, porque elas não podem ficar perdendo aula. Não tenho condições de levar elas todos os dias para a escola”, afirma.

Solução

Procurado, o prefeito Paulo Pitt afirmou que a manutenção e todos os reparos necessários na frota do transporte escolar municipal serão feitos em 15 dias. O chefe do Executivo, no entanto, alegou que a manutenção não foi feita porque a Câmara não aprovou o orçamento de 2014.

Pitt disse ainda que quatro novos ônibus foram adquiridos com verbas dos governos estadual e municipal e que eles devem começar a rodar em fevereiro.

Via G1

DATA

29 Janeiro 2014

FONTE

G1