Preço da passagem de ônibus provoca manifestações pelo país

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Protestos contra o aumento da passagem do transporte público terminaram em vandalismo em algumas cidades do país. Em São Paulo, manifestantes fecharam ruas da região central e entraram em confronto com tropa de choque da polícia. Em poucos minutos, lojas, bancas de revista e estações metrô foram depredadas.

O acesso à estação do metrô de Trianon – MASP, onde os danos ficaram mais visíveis. Foram colocados tapumes no lugar dos vidros quebrados pelos manifestantes. Houve danos também em uma banca de jornal próxima. Os manifestantes foram passando e deixando as pessoas muito assustadas. Ao todo, duas mil pessoas participaram da manifestação.

O tumulto começou no fim da tarde. Os manifestantes saíram da região central e fecharam vias importantes de São Paulo em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, que subiu de R$ 3 para R$ 3,20.

Comandados pelo Movimento Passe Livre, eles foram se misturando aos carros que passavam por uma das vias mais movimentadas da cidade e caminharam em direção à Avenida Paulista, onde bloquearam o trânsito nos dois sentidos.

A tropa de choque usou bombas de efeito moral e balas de borracha. Os manifestantes reagiram.

A situação estava mais calma à noite na Avenida Paulista. O resultado dessa manifestação foi muito lixo e o patrimônio público depredado.

“Avenida Paulista, o marco da cidade. Destruindo tudo, jogando lixo. Quer dizer, fazendo o maior vandalismo”, diz o publicitário André Camargo.

Com vidro quebrado, acessos de várias estações de metrô foram fechados. Passageiros tiveram que andar em busca de outra entrada ou até de outra estação.

“Foi terrível, a gente estava aqui trabalhando e tal, começou a tumultuar, soltaram bomba e tiro. O Terminal do Brigadeiro foi em segundos que destruíram tudo, pegaram o lixo da frente jogaram, queimaram tudo. Foi terrível”, conta a vendedora Juli Valente.

Lixeiras de concreto foram arrancadas do lugar, bancas de jornal depredadas e até uma guarita da PM foi tombada. Os manifestantes deixaram para trás um saldo de destruição e pichação.

Para fugir da polícia, os manifestantes invadiram um shopping e quebraram o vidro de um carro em exposição. Os seguranças fecharam as portas. Quem ficou de fora não conseguia entrar e quem estava dentro não podia sair.

O comércio na beira da Avenida Paulista também sofreu. Em um bar, os clientes saíram sem pagar a conta. “Tiraram as cadeiras, as garrafas, estavam com máscara e quebraram tudo”, declara o garçom Marcio da Silva.

Em outras três capitais brasileiras também houve protestos contra o aumento das passagens de ônibus na noite desta quinta-feira (6).

No Rio de Janeiro, a manifestação invadiu uma das mais importantes avenidas do Centro por duas horas. O protesto foi na Avenida Presidente Vargas, uma das vias mais movimentadas do Centro do Rio. Policias foram chamados para conter o protesto e entraram em confronto com os manifestantes, que teriam atirado pedras nos policiais. A PM revidou.

Pelo menos duas pessoas ficaram feridas por balas de borracha e quatro foram levadas para a delegacia e depois liberadas. O protesto provocou muito congestionamento. O reajuste começou a valer no sábado (1). A tarifa passou de R$ 2,75 para R$ 2,90.

Sobre o uso de armas não letais para conter o tumulto, a Polícia Militar afirmou que agiu contra o bloqueio ilegal da via para garantir o direito constitucional de ir e vir de milhares de pessoas.

Em Natal, os manifestantes queimaram pneus e fecharam uma estrada federal. Diferente do que aconteceu no dia 15 de maio, não houve confrontos. Estudantes bloquearam a BR-101, queimaram pneus e jogaram lixo nas ruas. Um estudante caiu de um viaduto e teve ferimentos leves.

Os estudantes querem reduzir ainda mais o valor da tarifa de ônibus que já havia baixado na última terça-feira (4) quando o Governo Federal anunciou a isenção dos impostos PIS e Cofins. A tarifa de ônibus foi reduzida de R$ 2,40 para R$ 2,30, mas os estudantes querem que a passagem volte ao valor anterior, ao aumento que era de R$ 2,20.

Em Goiânia, os estudantes tomaram o centro da cidade, queimaram pneus e quebraram os vidros de uma viatura da polícia. Desta vez teve confronto entre a polícia e os manifestantes, mas houve muita confusão, principalmente no trânsito do centro da cidade. Os estudantes queimaram pneus e pularam catracas no terminal para não pagar as passagens. A polícia ficou de longe, só observando. Uma viatura da PM teve o vidro quebrado depois que manifestantes atiraram pedras.

Em Goiânia, quem depende de ônibus está insatisfeito com o preço da passagem. Alguns dias depois que a tarifa subiu, o Governo Federal cortou dois impostos que são cobrados nas empresas do ônibus. Apesar disso, esse corte não foi repassado.

Ninguém gosta de pagar mais para andar nos mesmos ônibus. Superlotação, gente espremida, atraso nos horários. “Tem que entrar com algum processo aí para que baixe essa tarifa, né? Porque quem ganha salário mínimo e paga o passe não dá para sobreviver”, diz a empregada doméstica Ana dos Santos.

No dia 22 de maio, a passagem em Goiânia subiu de R$ 2,70 para R$ 3,00. Alguns dias depois, o Governo Federal – preocupado com a inflação – decidiu zerar a alíquota de dois impostos para as empresas de ônibus: Pis e Cofins. Mas a tarifa não foi reduzida em Goiânia.

A situação se repete em outras seis capitais do país, onde as passagens subiram em 2013 e até agora o desconto não foi repassado. Em São Paulo e no Rio, as tarifas aumentaram menos do que o esperado. Um efeito do alívio nos impostos. Natal e Vitória foram as únicas capitais que baixaram os preços depois que o governo anunciou a desoneração.

A companhia metropolitana de transportes coletivos de Goiânia deve avaliar a questão na próxima semana. “Na terça-feira a gente já vai ter uma noção do impacto do PIS e do Cofins na tarifa e aí a gente vai estar passando para a Câmara Deliberativa, que vai deliberar”, afirma Áurea Pitaluga, da Companhia de Transporte Coletivo.

Em Goiânia não é apenas quem pega ônibus que quer a redução na tarifa. Procon, Ministério Público Estadual e a OAB estão em uma campanha para que a Companhia Metropolitana de Ônibus reveja o valor da passagem e diminua o preço.

“É ilegal a cobrança de impostos que a União não recebe ou que o governo não recebe. Se eu não cobro da empresa, eu não tenho que cobrar do usuário”, ressalta Lorena Silvério, da comissão de Direito Tributário da OAB-GO.

DATA

7 junho 2013

FONTE

Bom Dia Brasil - GLOBO