Pacote de emergência vai tentar evitar gargalos no Anel Rodoviário de Belo Horizonte

Medidas para ampliar a segurança sem travar de vez o tráfego de veículos no Anel Rodoviário de Belo Horizonte estão no centro de uma proposta formulada pelo estado e pela Polícia Militar para a via que é uma das mais perigosas e congestionadas da capital mineira. O pacote de intervenções prevê a abertura de espaços para embarque e desembarque de ônibus fora da pista de rolamento, baias emergenciais formuladas para abrigar veículos enguiçados e implantação de quatro passarelas. Essas e outras propostas serão apreciadas a partir de hoje pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em Brasília.

O Estado de Minas teve acesso com exclusividade ao documento que contém as ações, que devem ser implantadas antes mesmo do início das obras de modernização e ampliação da via, previstas para começar no ano que vem.

No documento enviado pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) e Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) ao Dnit, os principais problemas apontados na rodovia federal de 27 quilômetros são estreitamentos de pista, longos declives, construções em áreas invadidas no entorno e uso das margens da rodovia como estacionamento, além da presença constante de pedestres e do desrespeito à sinalização. Com base nelas são elencadas providências de curto prazo que podem melhorar a segurança e garantir a fluidez do tráfego.

A proposta de melhoria da segurança antes das obras de ampliação do Anel Rodoviário é justificada no documento pelo longo prazo previsto para a conclusão do projeto principal. “Considerando que o prazo para elaboração dos projetos é de 450 dias e que é necessário prazo para licitação e contratação, as obras do Anel Rodoviário não poderão ser iniciadas antes de 2014. Nesse contexto, apresentamos a situação atual e elencamos soluções que poderiam ser implementadas a curto prazo, para melhorar as condições de segurança da via através de ações de operação e monitoramento contínuo”, diz o texto.

Para o mestre em engenharia de transportes e professor da PUC Minas Paulo Rogério da Silva Monteiro, as intervenções para ampliar a segurança visando manter o fluxo da via são muito importantes. “Compatibilizar a velocidade e aproveitar os espaços para fazer áreas de manutenção são soluções básicas, mas vitais numa pista de alta velocidade como o Anel. Uma pane em veículo em uma das faixas provoca congestionamentos graves e trava outras vias, como as avenidas Amazonas e Antônio Carlos”, afirma. No entanto, o especialista frisa que as obras de ampliação é que poderão ter impacto maior na dinâmica rodoviária do trecho. “Esse plano emergencial de obras é importante, mas não basta. Precisamos de operação e de obras profundas. Não pode achar que está bom e parar por aí, com um paliativo”, alerta.

Transporte – A operação de pontos de embarque e desembarque de passageiros somente em baias pretende eliminar a retenção de tráfego que se dá em alguns locais onde os coletivos precisam parar na pista da direita. O acúmulo de ônibus em faixas marginais, onde há retenções que acabam atingindo a pista principal da rodovia, será minimizado com essas ações. O espaçamento mínimo entre os pontos será de 500 metros.

Pela proposta, ao longo da via seriam abertas áreas de emergência para veículos que passam por panes mecânicas, acidentados ou com outro tipo de problema, deixando a pista liberada para o tráfego. As passarelas existentes seriam revitalizadas, receberiam telas para impedir que objetos caiam na pista, além de escadas, iluminação e barreiras para impedir o acesso de pedestres ao asfalto. Outras quatro travessias suspensas para pedestres devem ser instaladas, nos bairros Olhos D’Água, São Francisco, Suzana e no trevo de Sabará.

O estudo delimita uma faixa exclusiva para caminhões e carretas na pista da direita. Esse espaço será monitorado por radares e leitores de placas. Áreas de escape são propostas em trechos críticos, para que os veículos desgovernados não batam em obstáculos fixos. Três delas ficam na região do Bairro Betânia, onde acidentes com veículos de carga acontecem com frequência. Pela proposta estadual, todo o trecho viário será vigiado 24 horas pela Polícia Militar e por câmeras, tudo coordenado por uma Central de Controle Operacional.

Procurada, a Setop confirmou que levaria hoje o documento ao Dnit para avaliação, mas não quis comentar seu teor. O Dnit também não se pronunciou sobre o assunto.

 

 

DATA

12 novembro 2012

FONTE

Estado de Minas - MG