Motoristas ignoram a Justiça e bloqueiam estradas em dez estados

ASSISTA O VÍDEO AQUI

A liminar prevê multa de R$ 100 mil para cada hora de interdição, a motoristas, donos dos veículos e sindicatos que representam a categoria.

Os protestos de caminhoneiros nas estradas do Brasil provocam engarrafamentos em dez estados. Os manifestantes ignoram decisões judiciais que proíbem o bloqueio das rodovias.

Manifestantes tentaram bloquear a rodovia Presidente Dutra, na altura de Barra Mansa, no interior do Rio de Janeiro. Mas uma liminar da Justiça Federal proíbe que caminhoneiros fechem o trânsito de veículos em todas as estradas federais que cortam o estado.

“Polícia Rodoviária chega e manda a gente sair, se não sair a gente te multa”, diz um homem.

Caminhoneiros paralisaram o trânsito na BR-262, na Grande Vitória. Apenas carros e ônibus podiam passar e o congestionamento chegou a cinco quilômetros.

Em Minas Gerais, foram pelo menos 11 pontos de interdição nas estradas federais. Os manifestantes pedem isenção do pedágio quando o caminhão estiver descarregado, mudanças na forma de pesagem da carga e redução no preço do óleo diesel. O movimento também pede a revisão da lei que determina o tempo de descanso para a categoria.

“Se for para cumprir as nossas horas de trabalho, a gente tem que ter ponto de apoio, descanso, que a gente não tem, postos são precários. Nós queremos é isso”, declara um motorista.

Alguns motoristas não querem mudanças na legislação.

“Para muita gente, descanso até que é bom. Mas quem tem caminhão, precisa pagar prestação muito alta, tem que trabalhar”, declara um motorista.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os manifestantes fecharam parcialmente a rodovia Fernão Dias. A fila chegou a 16 quilômetros. Policiais rodoviários seguiram para o local da manifestação levando uma liminar que prevê o pagamento de R$ 100 mil para cada hora de interdição. A multa pode ser aplicada a motoristas, donos dos veículos e dois sindicatos que representam a categoria.

Pela decisão judicial, os manifestantes deveriam liberar as estradas federais mineiras imediatamente. Mas aqui na rodovia Fernão Dias, o protesto continua.

“Tem vários motoristas que  durantes esses dias ficaram bebendo. São muitos motoristas embriagados. Não é seguro uma liberação de rodovia nessa condição”, declara o inspetor Ésio Bittencourt, policial rodoviário.

O advogado dos sindicatos citados na liminar disse que vai recorrer. “Assim que a gente for notificado, a gente vai tomar as medidas cabíveis”, diz Gabriel Abreu Santos, advogado dos sindicatos.

No Leste de Minas, a BR-381 foi fechada em dois pontos. Em Uruguaiana, na fronteira do Brasil com a Argentina, o acesso de caminhões ao maior porto seco rodoviário da América Latina foi liberado à noite.

Os caminhoneiros também fizeram protestos no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Bahia.

Em Brasília, o ministro dos Transportes disse que vai criar uma câmara para discutir os problemas do transporte de cargas. Ele se reuniu com representantes de caminhoneiros que são contra o protesto. Os líderes do movimento de bloqueio às estradas não foram recebidos. César Borges disse que não tem como atender as reivindicações.

“Falei sobre o óleo diesel porque ele já é um combustível subsidiado, e falei sobre o pedágio, porque você vai contra contratos existentes e que devem ser mantidos, porque a concessão é efetivamente um caminho para que nós possamos melhorar e duplicar as nossas rodovias”, declara César Borges, ministro dos Transportes.

A Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou multa de R$ 6,3 milhões ao Movimento União Brasil Caminhoneiro, e mandou bloquear os bens do presidente do movimento, Nélio Botelho.

Por telefone, Nélio Botelho disse que ficou surpreso com a decisão já que o movimento é uma associação sem fins lucrativos e sem bens para serem bloqueados.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu à Polícia Federal que investigue se o movimento está sendo organizado por patrões, que é uma prática proibida por lei.