Indecisão emperra obras para melhorar o trânsito (SP)

Projeto de reparos em 15 pontos crônicos de congestionamentos foi elaborado em 2009 e está no plano de metas

Das 15 obras em pontos de “congestionamento crônico” de São Paulo prometidas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) em 2009, apenas uma foi concluída.

E no meio do caminho, a companhia resolveu mudar de planos: substituiu nove dessas intervenções por outras nove. Ontem, após questionamento da Folha, disse cogitar a troca de mais duas.

São pequenas reformas que, segundo técnicos do município, poderiam melhorar o fluxo de veículos na cidade.

O cruzamento das ruas Domingos de Morais e Sena Madureira, na Vila Mariana, zona sul, foi um dos que saíram da lista original. “A tendência é piorar”, diz o jornaleiro Rogério Feitoza, 29, que trabalha numa banca na esquina.

“Só para fazer o retorno na Domingos para pegar a Sena Madureira [sentido Ibirapuera] levo mais de 20 minutos quando saio do trabalho.”

A lista dos 15 gargalos consta da Agenda 2012 -metas que, segundo a prefeitura, serão cumpridas até dezembro deste ano, o último da gestão Gilberto Kassab (PSD).

A promessa de intervir em 15 “pontos crônicos”, elencados pela própria administração, foi feita em março de 2009. Mas as idas e vindas foram adiando o início das obras por quase três anos.

Em outubro de 2010, cinco pontos nem haviam sido definidos, e apenas um -o entorno da praça João Mendes, no centro- tinha projeto pronto.

No ano passado, a prefeitura “derrubou” da lista nove pontos -inclusive o da João Mendes e o da Domingos de Morais-e os substituiu.

As intervenções previstas incluem mudança do tempo semafórico, alargamento e adequação geométrica das vias, abertura de canteiros centrais e melhor sinalização.

SEM TRANSTORNO

“Seria pretensão achar que a intervenção iria resolver o problema da praça João Mendes, por exemplo, mas tiraram o foco dos principais corredores”, disse o especialista em trânsito Flamínio Fichmann após comparar as listas.

“A impressão é de que estão mais preocupados com o impacto gerado por essa pequena obra do que com o benefício. Mas, para melhorar o tráfego, é preciso fazer interferência que vá gerar impacto. A população aceita [o transtorno] quando sabe que a obra é necessária”, afirmou.

Além da preocupação com gerar menos impactos, a CET afirma que as mudanças obedeceram a critérios técnicos e que outros órgãos assumiram alguns dos pontos limados.

Às 18h de ontem, a avenida Nove de Julho tinha 5 km de lentidão nos dois sentidos (de 13 km) e a avenida Rebouças tinha 4 km (de 8,4 km).

As duas constavam da primeira lista. A Nove de Julho saiu. A Rebouças teve o trecho da intervenção trocado.

 

 

DATA

22 Março 2012

FONTE

Folha de S. Paulo