Empresas buscam alternativas para suprir falta de profissionais qualificados na área de transporte e logística

O crescimento econômico do Brasil nos últimos anos reduziu as taxas de desemprego, mas, ao mesmo tempo, revelou a falta de preparo de muitos trabalhadores e gerou falta de mão de obra em alguns setores, especialmente os que necessitam de trabalhadores com qualificação específica, como o de logística. A falta de profissionais é queixa recorrente no segmento e passa por todas as áreas, de gerentes a motoristas. Segundo o gerente de marketing e customer service da TNT, Luiz Fernando Simabukulo, estima-se que faltam mais de 120 mil motoristas no mercado.

“Quando buscamos candidatos para as vagas de gerentes operacionais, percebemos que há poucos profissionais com formação em logística fora dos grandes centros. No caso de motorista de carreta, podemos dizer que sempre temos vagas em aberto em todo o país”, diz Simabukulo. Para a analista de recursos humanos da Luft Logistics Joyce Pereira, a situação atual reflete o longo período pelo qual o País passou sem qualificar sua população. “Somente agora vemos os níveis técnico e superior se popularizando e isso se reflete no momento das contratações de profissionais, quando há uma dificuldade bastante grande”, diz Joyce.

Na área de logística e transportes, os cursos de qualificação são concentrados ainda nas regiões Sul e Sudeste. Por isso, a dificuldade em encontrar profissionais capacitados. Joyce cita que recentemente a empresa não encontrou mão de obra para operar empilhadeira elétrica em Minas Gerais, nem mesmo alternativas de capacitação. “Mesmo quando se trata de motoristas de carreta, há poucos com a CNH necessária e obrigatória e algum tipo de treinamento na função”, diz Simabukulo. Essa falta de mão de obra impacta os projetos das empresas, como a TNT, que ao programar uma nova rota já contabiliza o tempo maior que é necessário na contratação de profissionais.

O gerente da TNT lembra que, com o avanço da economia, novas opções de carreiras surgem e algumas são preteridas. “No caso específico de logística, o profissional é disputado pelo segmento e também pela indústria.”. Para Joyce, a marginalidade com que a profissão de motorista é vista acaba por contribuir pela falta de interesse dos jovens em ingressar na atividade. A imagem de um homem mal vestido que passa dificuldades ao longo de dias percorrendo as estradas e distante da família não é atrativa. Para reverter isso, a analista da Luft defende não só a qualificação do profissional, mas a melhoria dos serviços oferecidos nos postos de combustíveis e da qualidade das rodovias.

Tanto Joyce quanto Simabukulo concordam que a saída é apostar em quem já está na empresa. Por isso, mantêm ações de qualificação e de retenção de talentos. A Luft montou um programa de treinamento interno para suprir sua demanda. Já a TNT tem, desde 1998, um programa chamado Dirigir, que oferece treinamento e toda a capacitação para colaboradores interessados em ser motorista de carretas. “Em 14 anos, já formamos mais de 500 profissionais. Além disso, buscamos reconhecer e valorizar os profissionais e estes são sempre priorizados nas vagas internas”, diz Simabukulo.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT), através do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), quer, com seu Programa de Formação de Novos Motoristas, formar 67 mil novos condutores de veículos de carga e passageiros em todo o País. A iniciativa está sendo desenvolvida em todas as unidades operacionais, distribuídas nas cinco regiões brasileiras. Os cursos são gratuitos e realizados em quatro módulos: básico, intermediário, especialização e prático. Com carga mínima de 160 horas, os participantes poderão se habilitar para exercerem as funções de motorista de caminhão, de carreta ou de ônibus rodoviário e urbano.

Cartola – Agência de Conteúdo

 

 

DATA

4 junho 2012

FONTE

Portal Terra